Caro(a) leitor(a),
Não é nenhum exagero afirmar que, em 2020, tivemos um fundamento só: o novo coronavírus, como foi chamado no início, e Covid-19, ao ser batizado pela Organização Mundial de Saúde.
Agora basta falar “Covid” que todo mundo sabe o que é.
O que diferiu, e muito, foi o modo como os mercados foram afetados pela pandemia.
No início, se achava que a tragédia iria provocar um crash nas bolsas de valores de todo o mundo, desaguar numa Grande Depressão semelhante à dos anos 1930 e valorizar sobremaneira a cotação do dólar, no fenômeno que conhecemos como fly to quality.
Mas vamos começar do início.
Em 20 de fevereiro, quinta-feira que precedeu o Carnaval, viajei com minha mulher para a Europa.
Nos cinco países que visitamos, Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Escócia, sempre viajando de trem, corremos na dianteira do vírus, que já atacava forte na Ásia e se instalara na Itália (aonde não fomos).
Minha mulher, por sinal, foi uma das poucas pessoas que usavam máscara.
Regressei ao Rio de Janeiro em 11 de março. Como estava com febre, tosse e dor de cabeça, além de total ausência de apetite, convoquei logo um teste domiciliar completo, específico para Covid-19, daquele em que se colhe material do nariz e da garganta.
Para minha decepção (pois queria me livrar da doença sendo acometido pelos sintomas mais leves dela, sem as complicações respiratórias), deu negativo.
Voltando a falar sobre o mercado, o Ibovespa, que vinha atravessando um longo bull market iniciado no final de dezembro de 2016, durante o governo Temer, a 57.937 pontos, alcançou 119.593 pontos, máxima de todos os tempos, em 23 de janeiro de 2020.
A partir daí, só se falou em Covid.
Tivemos então um bear market tão violento quanto rápido.
Em apenas dois meses, o índice caiu 56 mil pontos (- 46,89%), fazendo uma mínima de 63.519 pontos em 23 de março.
De lá para cá, iniciou-se outro bull market, provocado por inundações de dinheiro promovidas pelos bancos centrais, além de taxas de juros próximas (e até abaixo) de zero.
O Ibovespa voltou para os níveis do início do ano, como se a pandemia não tivesse ocorrido.
Agora, nesta última semana, encurtada pelos feriados de fim de ano, é possível que alguns fundos múltiplos e de ações façam puxadas na Bolsa, geralmente nos últimos minutos dos pregões, para melhorar o desempenho de suas cotas em 2020.
Isso acontece quase todos os anos e não será nenhuma surpresa.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna