Nota do editor: Na edição de hoje, William escreve sobre a tendência para o mercado interno e externo nesse final de ano. O William é estrategista-chefe da Avenue Securities e tem 15 anos de experiência no mercado financeiro.
Última Tônica do ano?
Eis que chegamos a última Tônica do ano!
Como assim Will, mas e o dia 23 e 30?
Calma, vou escrever algo, mas já adianto que o mercado deve ficar esvaziado nas últimas 2 semanas do ano.
Além disso, vamos ser sinceros, vocês estarão mais preocupados com o perú de natal e com o show da virada do Roberto Carlos do que com o mercado, não é?
Aliás, sigam a dica do Rei: “quando eu estou aqui eu vivo esse momento lindo”
Quando estiverem com os seus amigos e a sua família, vivam aquele momento lindo sem se preocupar com o mercado, o Trump, o Xi Jinping etc.
Bull? Bear? Não sei?
Voltando ao mercado, me chamou a atenção o indicador reverso do BOFA. Ele é um termômetro que mede o sentimento dos investidores.
Quando a galera está mega bullish, é um ótimo sinal para você vender, kkk. Quando o pessoal está pessimista (bearish), é hora de comprar.
O indicador varia de 0 (muito bearish, hora de comprar) a 10 (muito bullish, hora de vender). Na verdade, compra quando chega a 2 e vende quando chega no 8, grosso modo.
Bom, o gráfico atual para o mercado americano não me parece indicar P. nenhuma!
Aquela Curva…
O mais interessante é que o mercado está nas máximas. Abaixo o S&P 500 (semanal), que não se cansa de renovar máximas históricas:
O mercado americano vem dando uma bela “curva” nos vendidos, tipo aquelas que a bola fazia quando outro Roberto Carlos famoso batia faltas.
Uma explicação bem simples e básica, mas bem verdadeira, e que ajuda a explicar o momento vem de Thorsten Polleit, Economista Chefe da Swiss Metals Trader Degussa, em que ele basicamente comenta que ainda há espaço para cortes de juros nos EUA e que, enquanto esse espaço existir, ele acredita que o mercado americano seguirá forte.
Abaixo os gráficos das curvas de juros (diferentes vencimentos) e o S&P:
Sobe boato e desce no fato?
Nas últimas semanas a mercado colocou na conta que teríamos um final feliz ou pelo menos um final temporário com a resolução positiva para a Trade War. Não só pelo S&P, como coloquei acima, mas também pelos preços dos ativos dos mercados emergentes – abaixo gráfico do EEM (índice que agrega mercados emergentes) – que chamaram atenção para o desempenho e o volume de negociação nos últimos dias.
O acordo fase 1 foi anunciado, mas as primeiras análises já na sexta mostraram certa decepção com o escopo do acordo, que foi visto como limitado e ainda deixou algumas questões sem resposta. São aqueles:
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver
Mercado adora isso, né? Levantar as expectativas, sabe como é. Comento somente pela importância que isso exerce para o desempenho da Bolsa no curto prazo. Eu disse CURTO PRAZO, CURTO PRAZO!
Olhando mais à frente
Olhando um pouco além e pensando em 2020, apesar de todos os Nostradamus que vemos por aí profetizando o caos na economia americana, o fato é que ela segue saudável. Se você não acredita em mim, acredite no Barclays (Fonte: Outlook 2020 Barclays):
Eles estimam que o país cresça 1.6% a menos que nos últimos anos, quando o país cresceu mais de 2% a.a, mas ainda assim ajudando a sustentar um crescimento de mais de 3% para o mundo.
E o Brasil nisso tudo?
Seguindo o comentário acima sobre os juros nos EUA, aqui também não é muito diferente. Essa semana veio mais um corte, tudo dentro do esperado, é verdade, mas ainda assim importante!
Importante porque essa é uma das relações mais importantes e simples que aprendi até hoje!
Você pode não saber nada de Bolsa, mas guarde isso: juros e Bolsa têm relação inversa. Juros para cima, Bolsa para baixo (2013 a 2016):
Juros para baixo, Bolsa para cima (de 2016 até a hoje). Simples assim!
Como é grande o meu amor por essa relação inversa!
Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito
Trocando o telhado?
Seguindo também o que falei de um cenário ok para 2020, achei simplesmente genial a analogia usada pelo secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, para descrever o momento vivido:
“O Brasil está trocando as telhas da sua casa macroeconômica, então é muito melhor você fazer isso num momento de sol brilhando lá fora, de estabilidade econômica, do que num momento de trovoadas e chuva pesada”.
Esse é o ponto principal. Do ponto de vista externo, mercados emergentes precisam de 4 coisas para andarem:
1) Um cenário tranquilo no exterior;
2) Economias desenvolvidas crescendo sim, mas com um crescimento moderado para que não atraiam, ou que não compitam pelos recursos que poderiam ser direcionados para cá;
3) Apetite a risco;
Aparentemente, teremos isso para 2020!
4) O quarto fator é justamente o cenário interno. Algo que também temos!
Veja que, no relativo, estamos inclusive muito bem posicionados! O Brasil é um dos países com maior inflexão em sua economia na atualidade. É aquela ideia de estarmos saindo do buraco, sabe?
Eu voltei agora pra ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei
Eu voltei
Apesar das máximas na Bolsa, confesso que não consigo ver um grande problema que possa mudar completamente o humor com dela. Também confesso que isso me dá certo medo de estar sendo influenciado por esse clima festivo de final de ano.
Ainda assim, meu foco é mais de longo prazo. Então sigo achando que está tudo ok. Um ou outro soluço sempre vamos ter, isso é mercado. Como diz o Rei:
Se comprei ou se vendi, o importante é que emoções eu vivi!
E não se esqueçam da lição dele:
Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
Um abraço,
William Castro Alves.